martes, 15 de abril de 2008

Revista USP - Brasil/Africa


No es reciente, pero tiene trabajos de importantes autores sobre una diversidad de temas y se consigue online. En: http://www.usp.br/revistausp/18/
Revista USP - Revista de la Universidad de Sao Paulo
Dossiê 18 - Brasil/África - 1993

Pensar numa relação entre o Brasil e África é quase tão velho quanto este país. Aliás, se poderia até brincar dizendo que esta terra só "aconteceu" porque os portugueses se "afastaram" da África (mantém-se a versão oficial e não se fala mais em Índia). A passagem pelos bancos escolares - isso se confirma depois com a experiência - afirma com segurança e inocência que o branco, o índio e o negro "fizeram" o Brasil. O branco foi tema da revista em seu nº 12, dedicado aos quinhentos anos da América. O índio volta e meia aqui comparece em um artigo ou outro. E o negro é extensamente abordado neste número cujo dossiê, na verdade, vinha sendo pensado há um bom tempo pela revista. Outros temas, outros assuntos tiveram prevalência então. Melhor assim, a gestação foi um fator decisivo para que se mantivesse, neste dossiê, a interdisciplinaridade e o caráter ensaístico de seu projeto editorial. Muito bom, porque foi possível juntat Kabengele Munanga e Pierre Fatumbi Verger - este escrevendo sobre Roger Bastide, que foi lente desta Universidade. Um grupo de baianos de peso aderiu à tarefa: João José Reis, Deoscoredes dos Santos, Antonio Risério, Júlio Santana Braga. Para não falar também das "baianas" Juana Elbein dos Santos e Angela Lühning, ou ainda das "nativas" do sudeste Maria Luiza Tucci Carneiro e Maria Aparecida Baccega. Trabalho completado por Fernando Mourão e Reginaldo Prandi, Benjamin Abdala Júnior, David Lerer e J. R. Franco da Fonseca. Uma teoria geológica conhecida afirma que o Brasil é uma parte da África que se desgarrou daquele continente num passado distante. Isso explicaria, mesmo que superficialmente, certas afinidades e a decantada fascinação que todos nós tempos pelo continente mãe de todos os homens. Os Editores
A GREVE NEGRA DE 1857 NA BAHIAJoão José Reis
A CULTURA NAGÔ NO BRASIL: MEMÓRIA E CONTINUIDADEDeoscoredes M. dos Santos e Juana Elbein dos Santos
ÁFRICA: FATORES INTERNOS E EXTERNOS DA CRISEFernando Augusto Albuquerque Mourão
NEGROS, LOUCOS NEGROSMaria Luiza Tucci Carneiro

Revista USP - Povo Negro

Dossiê 28 - Povo Negro - 300 1995-1996
http://www.usp.br/revistausp/28/

Dentro das comemorações do tricentenário de Zumbi e de Palmares, alguns pontos ficaram muito evidenciados, aceite-se ou não. Em primeiro lugar a própria dimensão histórica do acontecimento, que não permitiu sequer a contestação, por parte de toda a imprensa, de nada menos que uma cobertura exaustiva do evento - por isso só, este dossiê 28 já estaria justificado. Em segundo lugar, e importantíssimo, o desconforto dessa mesma imprensa de ter que lidar o tempo todo com um símbolo, Zumbi, que não tem face - no sentido expresso de que não há nenhum registro historicamente comprovado da fisionomia do guerreiro - fique muito claro - que comandou o maior levante de escravos que o Brasil já teve a oportunidade de presenciar. Essa falta de um rosto definido tem influido decisivamente no próprio símbolo, transformando Zumbi num emblema que aceita, em seu nome, todo tipo de manifestação. Seja ela uma encenação teatral em Londres de visão colonial mecanicista, com direito a percussão do Olodum. Seja uma romaria do centro de São Paulo a Aparecida do Norte, com o líder sindical Vicentinho à frente - estampando o espetáculo um tanto estranho de se comemorar o dia do herói negro dentro da catedral-mór de uma religião que historicamente não apenas nunca moveu uma palha em defesa deste povo, como diante da qual o homem negro teve que adotar uma postura, quando nada, ladina para conseguir manter sua própria identidade de culto. (Pode-se dizer com alguma ironia que a marcha inaugura um "caminho de Compostela" local, inovando o sincretismo.) Se, por um lado, a grande imprensa teve de dar tratos à bola para realizar um trabalho que pelo menos se aproximasse da envergadura do evento, pois o emblema ao alcance era fluido, por outro essa mesma fluidez permitiu que as discussões mais imprevistas e incômodas assaltassem a figura do quilombola. Para dizer o mínimo, o mito de Zumbi ao longo de 1995 foi virado de ponta-cabeça. O que trouxe à tona a evidência ainda mais constrangedora de que o próprio povo que ele representa ainda hoje não tem a noção exata de sua própria identidade. Mesmo que diga que tenha. Se isso se deve a fatores históricos, sociais, econômicos, psicológicos, não importa tanto. Importa é o grau de espanto gerado em torno da figura de Zumbi, dentro da comunidade que ele representa, trezentos anos depois. Se Zumbi é de fato o símbolo por excelência do povo negro - como o também negro Pelé para o futebol do planeta -, ao contrário do herói do futebol, é possível dizer do palmarino que ele é um "símbolo vazio", no sentido em que aceita e identifica qualquer manifestação. Pois por não possuir uma imagem em que se apoiar, ele está sujeito a qualquer representação, qualquer ideologia - atualmente até mesmo qualquer religiosidade. Reclamar desse fato não resolve, pois não havendo consenso a seu respeito, a tendência normal é a diluição. O dossiê 28, "Povo Negro - 300 Anos", através dos catorze textos e 220 páginas que o compôem, busca caracterizar primeiramente a situação em que foi posta e na qual se coloca, na atualidade, o grupo étnico sobre o qual o Brasil se ergueu, literalmente, e diante do qual o país - por uma questão de honradez -, e esse mesmo povo negro - por uma questão de amor-próprio -, terão que resolver o mais breve possível. Para o bem de cada um dos brasileiros, qualquer que seja a sua cor. A contribuição da revista neste tricentenário caminha nessa direção e nesse sentido. O Editor
A "REPÚBLICA DE PALMARES" E A ARQUEOLOGIA DA SERRA DA BARRIGA Pedro Paulo A. Funari
QUILOMBOS E REVOLTAS ESCRAVAS NO BRASILJoão José Reis
EM TORNO DOS BUMERANGUES: OUTRAS HISTÓRIAS DE MOCAMBOS NA AMAZÔNIA COLONIALFlávio dos Santos Gomes
ORIGEM E HISTÓRICO DO QUILOMBO NA ÁFRICA Kabengele Munanga
AS RELIGIÕES NEGRAS DO BRASILReginaldo Prandi
O RECENTE ANTI-RACISMO BRASILEIRO: O QUE DIZEM OS JORNAIS DIÁRIOS Antonio Sérgio Alfredo Guimarães
IRMÃO OU INIMIGO: O ESCRAVO NO IMAGINÁRIO ABOLICIONISTA DOS EUA E DO BRASILCelia M. Marinho de Azevedo
ANALFABETISMO, GÊNERO E RAÇA NO BRASILFúlvia Rosemberg e Edith Piza
O QUE A CINDERELA NEGRA TEM A DIZER SOBRE A "POLÍTICA RACIAL" NO BRASIL Peter Fry
GINGA, A RAINHA QUILOMBOLA DE MATAMBA E ANGOLA Carlos M.H. Serrano
1933: UM ANO EM QUE FIZEMOS CONTATOS Olívia M. Gomes da Cunha
CONHECENDO O PÚBLICO DO SAMBARYLOVEFernando Conceição
VIVER E MORRER NO MEIO DOS SEUSMaria Inês Côrtes de Oliveira
"ACABE COM ESTE SANTO, PEDRITO VEM AÍ..."Angela Lühning